CTG Os Praianos

Home

Campeão do 1° Rodeio de Trova Praiana é Gaúcho de São Gabriel

Para os seis jurados do 1° Rodeio de Trova Praiana foi difícil pontuar cada um dos oito concorrentes, sendo que todos têm na bagagem muitos outros troféus. O evento realizado pelo CTG Os Praianos, durante o 17° Rodeio Internacional, emocionou os concorrentes já na abertura, quando foram homenageados com a trova gaúcha O Doutor e o Analfabeto, de José Ailton Machado, declamada pela prenda Juliana Mota. 

 

Outro momento, marcado pela emoção, foi também uma homenagem, simbolizando uma espécie de batismo, para Felipe Mota Martins, de apenas três meses. Filho do casal do CTG Os Praianos, Cesar Martins e Juliana Mota, o pequeno recebeu no colo da mãe o troféu “Homenagem ao Futuro do Verso Gaúcho”, das mãos do primeiro campeão estilo Pajada, Turco Chaves. 

 

Em seguida, o trovador gabrielense, do CTG Rancho da Amizade, foi consagrado primeiro Grande Campeão do 1° Rodeio de Trova Praiana. Para tal feito, ele precisou vencer os demais trovadores e pajadores nos quatro estilos: Pajada, Gildo de Freitas, Mi Maior Gavetão e Martelo.

 

Para encerrar, subiu ao palco um dos mais novos trovadores presentes, que convidou um veterano para um desafio ao estilo Gildo de Freitas. Índio Chaves, de 11 anos, duelou com Leôncio Amaral,da  Associação de Trovadores Luiz Miller (Osório/RS). O trovador mirim revela que se inspirou no irmão também trovador mirim, Chaleirinha (Eliel Chaves). Ambos são gaúchos de São Gabriel (RS). 

 

Para o diretor artístico do CTG Os Praianos, Aladir José da Silva, o “Leleu”, “uma das mais importantes manifestações da cultura gaúcha, a trova, encontrou junto com outras tradições, um espaço de sucesso no CTG Os Praianos”. 

 

Para o patrão do CTG Os Praianos, Dimas Oliveira, a realização do Rodeio de Trova Praiana marca um compromisso ainda maior da entidade com o tradicionalismo gaúcho. “Ver os trovadores e pajadores no palco, emocionando o público e mostrando a força da nossa cultura, é motivo de muito orgulho. Este evento resgata a alma do gaúcho e reforça que o CTG Os Praianos é uma casa aberta para todas as expressões da nossa tradição”, destacou Dimas.

 

Resgate histórico da trova e da pajada 

A trova foi criada pelos peões nos galpões das estâncias, há mais de 200 anos. No estado vizinho (RS), surgiu como uma forma de interagir entre os homens campeiros após a lida com o gado, criando músicas e poesias improvisadas. Essa expressão cultural da vida no campo foi depois disseminada pelos tropeiros. Gerações se passaram e essa manifestação foi agregada ao movimento tradicionalista gaúcho. 

 

O 1° Rodeio de Trova Praiana contou com a participação de oito artistas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Foram selecionados os melhores trovadores e pajadores do sul do país nos quatro estilos”, frisou o idealizador e diretor do evento, Celso Martins, integrante do CTG Os Praianos. 

 

As planilhas ficaram sob a responsabilidade de Juliana Mota, do CTG Os Praianos, auxiliada por Michele Portela, do Rancho Cola Atada de Camboriú. O “amadrinhador”, ou seja, um músico ao violão, das provas de trova e pajada foi Renan Portela, do Rancho Cola Atada, Camboriú (SC).

Vencedores do 1° Rodeio de Trova Praiana

Campeão estilo Pajada e 1º Grande Campeão: Turco Chaves, do CTG Rancho da Amizade (São Gabriel/RS)

Campeão estilo Gildo de Freitas, José Estivalet, Associação de Trovadores Luiz Miller (Sapucaia do Sul/RS)

Campeão estilo Martelo, Thiago Alves, do GAG Piazitos do Sul (Canoas/RS)

Campeão estilo Mi Maior de Gavetão, Rodrigo Cabreira do CTG Velha Querência (Jaraguá do Sul/RS)

Trovadores e Pajadores participantes

Thiago Alves, GAG Piazitos do Sul (Canoas/RS)

Luciano Quines, Fogão Negrinho do Pastoreio (Santana do Livramento/RS)

Turco Chaves, CTG Rancho da Amizade (São Gabriel/RS)

Leôncio Amaral, Associação de Trovadores Luiz Miller (Osório/RS)

José Estivalet, Associação de Trovadores Luiz Miller (Sapucaia do Sul/RS)

Volnei Corrêa, Associação de Trovadores Luiz Miller (Sapucaia do Sul/RS)

José Taborda, CTG Velha Querência (Jaraguá do Sul/RS)

Rodrigo Cabreira, CTG Velha Querência (Jaraguá do Sul/RS)

Júri Técnico Payada e Trovas

Rogério Macuglia (Maculhão), Piquete Tradição e Querência (Cruz Alta/RS)

Juliano da Silva, CTG Laço Velho (Bento Gonçalves/RS)

Júri Artístico Payada

Arão Scheidt (Pura Cepa), CTG Os Praianos (São José/SC)

Júri Artístico Trova Gildo de Freitas

Gilmar Rigon (Gaudério), CTG Sul Palhocense (Palhoça/SC)

Júri Artístico Trova do Martelo

Fernando Vargas, GAC Querência Açoriana (São José/SC)

Júri Artístico Trova Mi Maior de Gavetão

Ernesto Melo (Xiru), GAC Ilha Xucra (Florianópolis/SC)

Modalidades de trova

Conforme Celso Martins, são quatro os estilos de repente sulista e correntino. Inicialmente, surgiu a trova Mi Maior de Gavetão, que é feita em sextilhas, ou seja, estrofes com seis versos cada. Depois, surgiram outras modalidades, como a Pajada, a trova de Martelo e a Estilo Gildo de Freitas, que recebeu esse nome em homenagem ao cantor e trovador gaúcho. Martins ressalta que as trovas são sempre acompanhadas por violão, na pajada, e na trova a gaita, tocados por um amadrinhador. 

 

Ao passo que a Pajada, de origem espanhola, é quase uma milonga com estrofes de dez versos que rimam entre si. No sul do país, mais precisamente no Rio Grande do Sul, ganhou força com o grande poeta e pajador gaúcho, Jayme Caetano Braun. Conhecido como “el payador”, ele recitava de forma altiva os versos acompanhado pelo “amadrinhador”, que é um violeiro. No nordeste do Brasil e nos países vizinhos, a pajada é cantada e tocada pela mesma pessoa.

 

Na Trova Estilo Gildo de Freitas os cantores improvisam em torno da composição Definição do Grito; estrofes de nove versos em sete sílabas poéticas, com rima no 2º, 4º, 6º e 9º versos e 7º e 8º entre si.

A Trova do Martelo é caracterizada por rima entre as estrofes, com um cantador completando a rima do outro. Sem número pré-determinado de versos por estrofe; versos em redondilha maior. Com tema livre e provocativo. Com versos em sete sílabas poéticas, com rimas alternadas. A música é vaneira e marcha, com início em Mi Maior.