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A arte-ofício da olaria tradicional de São José: o saber-fazer e a identidade cultural de São José é preservada no Rodeio dos Praianos

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Foto: Jane Maria de Souza Philippi, historiadora, Dimas Oliveira, Patrão do CTG Os Praianos, Adauto Costa, sota Capataz do CTG Os Praianos e Giana Schmitt de Souza, historiadora

O CTG Os Praianos abre espaço inédito para valorizar a tradição josefense das olarias e dos oleiros e dar visibilidade aos mestres da cerâmica.

 

Em São José, as mãos dos oleiros moldam mais que os utensílios, moldam a identidade de um povo. Uma das manifestações culturais mais antigas do município, a olaria josefense ganha protagonismo no 17º Rodeio Internacional do CTG Os Praianos, evento que acontece de 25 de abril a 4 de maio. Com espaço exclusivo na programação, os oleiros locais farão uma participação no dia 1º de maio, na parte da tarde, com demonstração ao vivo do fazer cerâmico que atravessa gerações.

 

A ação tem como objetivo sensibilizar o público e valorizar a tradição em extinção: atualmente, restam apenas cerca de 12 oleiros em atividade que preservam esse saber-fazer artesanal usando ainda a roda de oleiro, girando-a unicamente com os pés, além de apenas duas escolas com ensino da olaria em São José. “Se não houver estímulo, vamos perder nossa identidade”, alerta a historiadora e oleira Giana Schmitt de Souza, responsável pela coordenação da ação no evento.

 

Quando questionada se é uma atividade que exige inspiração e muito conhecimento, Giana explica que a inspiração encontra quem sabe, mas a maestria adquire-se com a repetição. “Repetir, repetir, repetir. Mas antes é preciso ter um mínimo de conhecimento”, explica Giana, ao defender que o ofício do oleiro deve ser ensinado, praticado e perpetuado.

 

Com peças de diferentes formatos e utilidades, a cerâmica tem tanto a função decorativa quanto a utilitária. Entre as inúmeras peças, algumas com mais de 50 anos, a Maricota, e o jogo de “panelinhas”. Já nas peças utilitárias, uma jarra de barro, panela e o mata-fome. “Tem algumas obras aqui que me fazem lembrar de quando eu tinha 8 anos e meu pai colocava água para ficar geladinha dentro de uma jarra assim”, relembra o patrão Dimas.

 

É justamente o sentimento de voltar no tempo que o CTG Os Praianos quer resgatar em quem participar desta edição do tradicional rodeio.

 

Um presente de barro e memória

Além da demonstração, o CTG irá presentear autoridades e personalidades com uma peça simbólica da cultura josefense: o tradicional “mata-fome”, recipiente de barro usado pelos oleiros para fazer suas refeições. As peças foram produzidas por oleiros da cidade, sob a curadoria de Giana e Jane, e serão entregues como gesto de gratidão e enaltecimento da maior expressão cultural do município.

 

“Queremos reconhecer quem apoia nossa cultura. E nada mais representativo do que o barro que molda nossa história. É uma peça simples, mas de valor imensurável”, afirma o patrão do CTG, Dimas Oliveira.

 

A iniciativa valoriza não apenas o artesanato, mas também todo o legado da olaria josefense, resgatado no livro “A Escola Olaria Beiramar de São José”, escrito por Giana Schmitt de Souza e Jane Maria de Souza Philippi. A obra narra a trajetória dos mestres-oleiros Geraldo Germano e Newton Souza, o papel da cerâmica na formação social e econômica do município, além da importância da prática como herança cultural.

 

“Contar a história da olaria é uma forma de resistir. Quando o barro seca, ele permanece. Quando a cultura seca, ela desaparece. Nosso papel é manter essa argila úmida, moldável e viva”, destaca Jane.

 

 

O troféu de barro que volta ao CTG

A relação entre a cerâmica e o rodeio não é nova. Em 1991, no 1º Rodeio Internacional do CTG Os Praianos, o troféu oficial do evento foi confeccionado em cerâmica, um fato histórico resgatado. Agora, Giana terá a missão de reproduzir a peça para compor o acervo do museu do CTG. “O troféu está no CTG Porteira do Rio Grande e vamos recuperar essa obra. Vamos dar à Giana a atribuição de fazer a réplica para o nosso museu”, afirma Adauto Costa, sota capataz do CTG Os Praianos.

 

“Esse ano, o mata-fome que vamos presentear algumas pessoas, não será um troféu, mas é uma lembrança que carrega a história do 17º Rodeio Internacional e a cultura de São José”, completa o sota capataz.

 

Cultura em movimento

Segundo Adauto Costa, o reconhecimento aos oleiros é mais do que justo: “O rodeio é um grande palco da cultura sulista, mas também é da comunidade. E São José tem muito a oferecer. A olaria é nossa raiz e merece ser mostrada para o Brasil inteiro”.

 

A expectativa é que a participação dos ceramistas inspire novos talentos. “Estamos dando visibilidade para uma das tradições mais antigas do município, que se conecta com a nossa missão de preservar e promover o que temos de mais autêntico”, reforça Dimas Oliveira.

 

Além da entrega do pequeno alguidar “mata-fome”, que oportunizará que o presenteado leve uma parte da cultura e uma lembrança de São José para casa, para diversos lugares, o evento contará com mais de 80 atrações artísticas e culturais, como apresentações de invernadas, bailes, duelos de pajada, Gaiteraço, provas campeiras e shows nacionais de Guilherme & Benuto, Luan Pereira e Amado Batista. Serão mais de R$ 200 mil em prêmios, incluindo uma moto e um carro 0km.

 

Mais do que um espaço na programação, o barro terá voz, forma e força no Rodeio. Em cada peça moldada, um gesto de resistência cultural, em cada entrega, uma semente de continuidade para que São José siga sendo a terra das Olarias, dos mestres-oleiros, e de histórias moldadas a mão.

 

Serviço

Evento: 17º Rodeio Internacional e IV Rodeio Cultural do CTG Os Praianos

Data: 25 de abril a 4 de maio de 2025

Atividade dos oleiros: 1º de maio

Mais informações: www.ctgospraianos.com.br | Instagram: @ctgospraianos

 

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